Titulo: A Descoberta das Bruxas
Autor: Deborah Harkness
Editora: Rocco
Paginas: 640
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Sinopse: "A professora Diana Bishop foi convencida pelo medo de que é melhor ser humana do que bruxa. Mas quando descobre um antigo manuscrito com a origem de espécies sobrenaturais, fica muito próxima do mundo do qual sempre fugiu.
Demônios e vampiros passam a cruzar seu caminho, e o instinto de sobrevivência dessas criaturas faz Diana ser uma presa vulnerável.
Até que ela seja capaz de dominar os próprios dons e usar seus poderes."

Vamos falar sobre um livro lindo,  divo, sexy e sensual.
A descoberta das bruxas é uma mistura de romance sobrenatural com fatos acadêmicos. Apesar do livro ter mais de 600 paginas, letras minúsculas e folhas quase transparentes. A historia é incrível. A autora de uma forma muito inteligente (uma acadêmica especialista em história da ciência ) entrelaça a alquimia com magia.
A alquimia é apresentada por Diana, uma acadêmica que procura informações para um grande projeto da sua vida.
Mas por engano, ou muito sem querer, ela acaba tendo em mãos um manuscrito mágico, desaparecido há décadas. Escondido pelas bruxas, para proteger seus conhecimento de toda e qualquer raça.
Diana percebe que há algo errado, o manuscrito quer falar com ela, lhe mostrar coisas, contar seus segredos.
Mas depois da morte assustadora de seus país, Diana não aceita quem ela é. Não permite que seus poderes cheguem até ela. Um ser humano, é isso que ela quer ser.
Sua escolha foi, ser normal tanto quanto conseguir ser.
Assustada, ela devolve esse manuscrito a biblioteca e continua a seguir sua vida "normal". Mas depois de anos, uma aparição do Ashmole deixa a população sobrenatural alvoroçada e preocupada. Todos querem o manuscrito, todos querem seus segredos. Mas ninguém consegue alcança-lo. Apenas Diana tem o poder para tê-lo e desvenda-lo.
Matthew é um um dos seres que quer chegar ate o manuscrito perdido. Mais de mil anos de existência faz com que ele queira chegar ate os segredos da sua existência, e o único meio é se aproximar de Diana e descobrir seus segredos em torno da magia. Mas o mero interesse pela vida se torna algo mais. Matthew esta sempre por perto, sempre a protegendo de tudo e de todos. Nem mesmo seus companheiros de vida compreende a possessividade do ser que nunca agiu daquela forma.
Os segredos do Ashmole precisam ser descobertos, precisam ser expostos. Só assim as vidas de Diana e Matthew serão salvas.
Ao contrario das outras historias sobrenaturais por ai. Diana não é introduzida no mundo sobrenatural. Ela sabe quem ela é, ela tem conhecimento dos seus poderes, só não quer usa-los. Ela sabe sobre os outros seres e os preconceitos que as raças tem entre si. E ao contrário de muitas obras, Diana não é uma adolescente, é uma mulher adulta, com formação acadêmica e uma vida estável. A historia também é contada de uma forma mais adulta e apesar de ter romance em volta da historia principal, não é um livro sensual (como diria Paola do livros e fuxicos).
Apesar de ter demorado muito pra ler esse livro, pelas letras pequenas, o que torna a leitura desconfortável. A escrita de Deborah Harkness é envolvente, sempre deixa aquele gostinho de quero mais. Aquela mentira de leitor "só mais um capitulo" é recorrente nessa obra. E mesmo depois de 600 páginas eu queria mais. Fiquei desolada me perguntando o por que acabou tão rápido. Mal acabei o livro e já morri de saudades dos personagens.
A descoberta das bruxas é o primeiro de uma trilogia e devo dizer que minhas expectativas estão bem altas. Espero muito desses livros e espero terminar a trilogia em breve (só me falta a grana mesmo).




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(Foto we heart it: http://images.jdmagicbox.com/comp/pune/e6/020pxx20.xx20.150223153752.p1e6/catalogue/starbucks-coffee-fergusson-college-road-pune-coffee-shops-1w65wka.jpg)



-Essa cena não se encontra na estoria
-Trecho inédito 
-Sem revisão

 

" Tomas

A caralho, eu estava fodido, bem fodido, muito muito fodido.
Olhei em volta. Carlos havia se mandado. Filho de um puta, desgraçado. Agora seria eu que levaria toda a culpa.
O que eu tinha na cabeça quando concordei em ir em uma festa com Carlos, em Chicago?
Muita merda. Sabia que daria merda, logo depois de sair escondido da sala de aula, pegar o carro e dirigir por cinquenta minutos, até chegar na cidade onde aquele imbecil estava vivendo.
Porque claro, depois que sua irmã teve um surto louco e fugiu, o pai resolveu manter o filho dois muito próximo.
Resuminho básico. Minha melhor amiga, a que um dia também foi minha namorada, sofre de depressão, é tão cruel dizer isso, mas sabia que ela precisava de ajuda e nunca disse nada a ninguém, principalmente quando comecei a perceber as cicatrizes nos braços e pernas. Mas fui um otário com ela e deixei a coisa fluir, achando que um dia passaria. Até o dia em que acordamos e recebemos a noticia que Karla Sullivan havia fugido durante a noite. E agora só Deus sabe onde ela estava. Talvez seu pai soubesse, ele pode parecer um sonso as vezes, mas suspeito que ele nunca tenha realmente tirado os olhos da filha.
Agora, Carlos… Eu sei, é ridículo o nome dos dois combinarem. Mas eles são gêmeos e o nome é de família e tem alguma coisa sentimental no meio. Mas não importa. Superem os nomes latinos e caminhemos.
Carlos exagera um pouco na bebida e nos cigarros, e acabou que o Pai dos dois, Charles Sullivan resolveu levar o filho de Lake Forest Academy para Chicago, achando, querendo, rezando, para que o filho não aprontasse nada tão sério quando a filha.
Bem, ele não poderia decepcionar… Ficar assim, facilmente aos pés da irmã? Nunca, ele tinha que chegar a altura, e talvez por isso estivesse revirando Chicago e a deixando de ponta cabeça.
E eu todo inocente, um ser humano incrível que sou, cai na lábia daquele trapaceiro miserável. Me fez uma ligação, me chamou de Tommy, disse que seria legal e divertido, que teria muitas garotas e eu trouxa, porque deve estar escrito trouxa na minha testa, cai feito um pato atrás de pão. De cachorro atrás de um biscoito. De um homem atrás de um rabo de saia. Ull essa foi velha.
Com as promessas e esperança de uma noite mágica e divertida, eu dei uma leve escapulida do colégio interno, nada demais. Sexta a tarde, todos com autorização já estavam indo para casa, eu apenas sai dois minutos mais cedo da aula. Apenas me misturei entre os alunos e apenas segui o fluxo até chegar no meu carro e vazar feito água.
Cinquenta minutos depois, eu estava me trocando em um banheiro de uma lanchonete e cinco minutos depois entrando na casa onde teríamos, muita bebida, musica e garotas…
Devo lhes dizer que havia tudo que ele havia me prometido, até dei uns pegas em uma garota que eu acredito que fosse da faculdade já que andava com uma jaqueta de irmandade.
Mas o que Carlos não fez, foi me dizer que aquele filho da puta, arrumou um sinalizador de navio e achou muito, mas muito divertido levá-lo para a festa e atirá-lo na parede.
E claro, quinze minutos depois a policia bateu na porta e tudo que vi foi pessoas correndo para todos os lados… Eu até faria isso se fosse possível, mas… Não era possível naquele momento, nem para a garota que estava comigo no banheiro… Se é que me entende.
Agora eu estava sendo algemado e levado para a delegacia. Ótimo dia para eu ligar para minha mãe e dizer “Hey mãe, sabe, você pode usar sua autoridade de agente federal e me tirar da cadeia? Você sabe, eu sou um bom garoto, Foi Carlos que me convenceu”. E como ela odiava razoavelmente os filhos de Charles, talvez ela até me daria dinheiro no final das contas.
- Gata, foi um prazer lhe conhecer. - Mandei um beijo no ar enquanto eu era levado para um lado e ela para o outro.
- Meu nome é Gina Cameron. - Gritou. - Da universidade de Chicago. Me procure quando der. - Piscou e foi empurrada para a viatura.
- Ah. Ela vai quebrar meu coração. - Suspirei e o guarda revirou os olhos. - Ei, senhor, pode me levar até…
- Fique quieto. - O outro pediu. - Seja lá o que você quer, só vai poder fazer uma ligação quando estiver bem sentado na delegacia.
Se tem uma coisa que aprendi com minha mãe era: Quando um policial mandar você calar a boca, você cala a boca.
Então me ajeitei no banco, encostei minha cabeça na janela e fechei os olhos.
Ninguém pode me julgar, eu estava cansado, acordávamos muito cedo, tínhamos treino e na maioria das tardes atividades das casas… E eu estava bêbado, e havia fumado uma também, nada demais. Até minha mãe descobrir, claro.

Seja lá quantos minutos tenha durado aquela viajem, me fez ganhar alguns tapas no rosto e quando mal abri os olhos, fui arrastado para uma das mesas, me sentaram de frente para uma mulher de uns trinta e poucos anos, que olhou muito irritada para os policiais.
- Resolva. - Um deles resmungou e logo se afastou indo em direção a uma cozinha.
- Caramba, eles estavam com fome, por isso a irritabilidade. - Ri. Mas sabia que o problema era a mulher, seja lá o que ela tenha feito, jogar problemas como eu em suas mãos a faria perder mais tempo do que ela estava disposta a perder.
- Por favor, só me diga o que aconteceu para eu poder voltar para o meu caso. - Ela colocou as mãos no queixo.
- E como você pode saber que eu não faço parte do seu caso? - Inclinei meu corpo para frente e olhei os papeis em sua frente. - Como pode saber que não fui eu que matei o senhor Kamedévá.
- É Kamadewa. - Respirou fundo. - Por que escutei há vinte e cinco minutos no rádio da policia sobre uma festa, e uma possível bomba…
- Ah não, era um sinalizador de navio. - Balancei a cabeça em um não.
- E isso torna a situação menos pior? - Perguntou sem sair da sua posição.
- Como eu vou saber. – Dei de ombros. - Não foi eu que disparei aquele troço, nem sei como segurar um. - Arrotei. - Desculpe, muita bebida. - Sorri.
- Só me conte o que aconteceu e prometo ligar para os seus pais. - Parei para pensar.
- Certo. Eu estava no banheiro com uma garota. Levaram ela para qualquer lugar que eu não sei qual foi. Então o bagulho foi disparado. Eu também achei que era uma bomba, mas… Sabe como é né, o banheiro estava mais interessante. - Abri meu melhor sorriso. - Só descobri o que era quando escutei os outros falando sobre, quando já estava sendo arrastado para fora da casa.
- Você sabe quem disparou? - Ela pegou outro papel.
- Não. - Carlos estava me devendo uma bem grande dessa vez. - Mas se quiser posso dizer o tamanho do sutiã…
- Não quero saber. - Apontou para mim. - Agora, vou lhe fazer umas perguntas…
- Que bom, já estava começando a ficar preocupado com a sua credibilidade como profissional da área policial. - Eu deveria calar a minha boca, deveria, agora mesmo, antes que ela…
- Vou jogar você em uma cela para passar a noite se não segurar essa sua língua.
- Ligue para minha mãe, por favor. - Pedi querendo sorrir. - Ela vai cuidar disso.
- Primeiro as perguntas. - E começou a série de perguntas que só estava me deixando com muito mais sono.
E quantas vezes ela perguntaria a mesma coisa?
Alguém me socorre? Daria qualquer coisa por um sermão da dia Kathe nesse momento. Aquela policial estava me deixando com os ouvidos sangrando. Kathe, minha doce Kathe, diretora Kathe, volte para a minha vida, não sei mais o que farei sem você. Oh Deus, como pude lhe trocar…
Não, espera… Que? Eu seria suspenso assim que colocasse os pés naquela maldita escola.

- Agora você pode ligar para sua mãe. - Empurrou o telefone na minha direção.
- Moça bonita. - Falei como uma criança. - A senhora não pode fazer isso por mim? Eu não ando enxergando muito bem. - Peguei o cesto de lixo e vomitei dentro dele. - Muito obrigado. - Fiz um joinha.
Depois de longos minutos tentando lembrar o numero do trabalho da minha mãe, depois de longos minutos tento uma conversa com minha mãe que eu adoraria não lembrar daqui algumas horas, depois de ver os olhos da policial na minha frente dar uma leve arregalada. Eu estava pronto para partir. Muito pronto, até ver que não era minha mãe quem estava vindo me buscar.
Merda, eu passaria a noite ali, jogado em uma daquelas cadeiras.
Invés da minha adorável mãe aparecer, ela resolveu mandar um dos queridos a gentes que ela era responsável. E eu devo dizer que eu só sabia que aquele homem estava ali por mim, porque o distintivo estava para fora da camisa, e eu conhecia os distintivos dos agentes federais muito bem.

- Com licença. - O cara parou na recepção. - Estou procurando um garoto, trouxeram ele de uma festa… - Ele parou de falar. - Okay. Muito obrigado. - Agradeceu a mulher e virou em minha direção. Apontou para mim e balançou a cabeça em um não. - Quantos anos você tem?
- Dezoito. - Rosnei. - Quem é você?
- Stewart. - Bufou. - Sua mãe, me fez parar um analise de provas para vir buscar você, então eu no minimo esperava alguém meio morto.
- No caso, eu estaria em um hospital.
- Você vai estar meio morto se não calar essa boca. - Resmungou. - Onde está a mulher que ligou para sua mãe? - Apontei para a mulher sentada na mesma mesa que eu estava até muito pouco tempo.
- Ela ficou irritada quando eu comecei a falar sobre o caso que ela está trabalhando, então me expulsou. - Dei de ombros.
- Fique aqui. Se tentar fugir, arranco sua pele. - Caminhou até a mulher e começou a conversar com ela.
Hoje o dia vai ser incrível. Deveria ter voltado para o quarto. Dormir um pouco, até o outro dia quem sabe.

- Vamos. - Ele estava segurando um papel com meu nome no topo. Por que estava com minha ficha?
- Tem meu nome nesse papel. - Tentei pegá-lo, mas acabei tropeçando.
- Ande para frente apenas, e fique quieto. - Tomou a frente e saiu pelas portas da delegacia nada amigável.
Caminhamos pela rua durante dois quarterões. O senhor, sou bom demais para falar com um adolescente, estava a alguns passos a minha frente, fingindo que não estava acompanhando um adolescente bêbado, e eu me arrastando, quase implorando para tirar um cochilo.
- Onde estamos indo? - Resmunguei.
- Continue andando. - Revirei os olhos. - Se fizer isso de novo, atiro em você. - Senhor mal humorado também.
Andamos por mais duas ruas, até parar na frente de uma cafeteria. O cara abriu a porta e esperou que eu entrasse.
- Estava esperando que porta batesse na minha cara. - Minha voz saiu de um jeito estranho.
- Procure um lugar e sente-se. - Apontou para uma mesa vazia. E no momento eu não seria o louco de discutir, eu só queria me sentar, mesmo.
Me arrastei até a mesa, puxei a cadeira e me joguei nela, parecendo um peso morto.
- Tome. - Colocou um copo de café na minha frente. - Você ainda está meio alto.
- Eu não bebi tanto assim…
- Não falei da bebida. – Desviei meu olhar para a rua. - E você sabe, se eu levar você até sua mãe, nesse estado. Não vai sobrar muito de você. - Tomou um gole do seu café. - Acho que não vai sobrar de qualquer forma, mas vamos tentar aliviar, certo?
- Não é muito mais simples, me levar até minha mãe e deixar todo o trabalho para ela? - Puxei meu celular do bolso da calça. Nada de Carlos. Nada de Karla.
- Com toda a certeza é. - Me encarou. - Mas sua mãe anda estressada, ela teve que assumir um cargo alto o que da muito mais trabalho…
- Ela assumiu esse cargo há muito tempo. Pare de dar desculpas…
- O que você não sabe é que… Muitos casos foram reabertos recentemente, e o responsável por revisar todos eles é a sua mãe. - Deu de ombros. - Acho que seria mais viável você aparecer por lá só meio bêbado. E não bêbado e chapado. - Olhou para o lado e sorriu para uma mulher. - Então seria bom se você tomasse esse café. - Uma garçonete colocou um prato com varias rosquinhas e nossa frente. - E comece também. Só, por favor, se for vomitar corra até o banheiro. - Apontou para as minhas costas.
- Certo.
- Agora, vamos conversar sobre o porque você saiu as espreitas do seu colégio, veio para Chicago, entrou em uma festa de universitários, bebeu até não aguentar, chapou e ainda foi pego no banheiro com uma garota…
- Ah cara, você nunca foi adolescente, não? - Perguntei com a boca cheia de rosquinha. - Fazer as coisas só por fazer, ir no fluxo, pegar a primeira que aparecer… Faz parte não? - Eu não recebi uma resposta, na verdade ele estava olhando como se fosse atirar em mim.
- Hum.
- Você era feio quando adolescente? É a única forma de me fazer acreditar que não fazia esse tipo de coisa. - Engoli, tomei alguns goles de café e ele exclamou mais alguma coisa. - Deus do céu, cara, fala alguma coisa.
- Alguma coisa. - Pegou o celular e o levantou por dois segundos e voltou a abaixá-lo. - O problema aqui é você e não o que eu fiz ou deixei de fazer na minha adolescência.
- Ah, você com toda a certeza só perdeu a virgindade na faculdade. - Balançou a cabeça em um não. - Isso foi quando? Há uns dois anos.
- Eu carrego uma arma, caso você tenha esquecido. - Respirou fundo. - Uma vez uns amigos e eu bebemos tanto que quando minha mãe descobriu ela quase arrancou meu couro… E dos caras que estavam comigo também. - Dei meio sorriso, aquilo na certa era uma historia armada para me fazer ser um bom filho. - Você pode ligar para ela se quiser. - Jogou o celular na minha frente com o numero na tela. - Minha mãe é maluca. Também vai lhe dar uma aula completa sobre como usar uma camisinha…
- Eu sei como…
- Ela não vai querer saber. - Riu. - Escute só. - Olhou para o lado novamente e piscou para a mulher que estava o olhando. - Tomas, eu cresci com três irmãos. Foi difícil e minha mãe não é das pessoas mais fáceis do mundo, principalmente quando se tratava de filhos bêbados e drogados. - Quando abri a boca para reclamar sobre como era minha vida trancado em um colégio interno ele foi mais rápido. - Estudei desde os doze anos em um colégio interno, eu sei que é um saco. Mas o que você pode fazer? Chorar? Espernear? Gritar? Beber? Se drogar? Claro, você pode fazer tudo isso, mas não vai resolver sua vida. Vai continuar a mesma bosta. - Deu meio sorriso. - Então supere e siga em frente. Termine de estudar, então, você sera livre.
- Mal posso esperar por isso. - Levantei os braços.
- Porem, isso só sera possível, se você frequentar as aulas e não fugir delas para beber e ficar alto. - Apontou para mim. - Caso contrario ficara mais alguns anos na escola. Como já esta fazendo. - Ah filho da puta, ele sabia que eu havia sido reprovado há alguns anos e foi só por isso que conheci os Sullivans.
- Você é um daqueles filhos da puta, que não consegue pisar entre as linhas que já quer chorar e pedir socorro para a mamãe, não…
- Você é esse cara. - Apontou para mim. - Porque bem, a nova detetive da delegacia onde estava me contou que você só faltou implorar para ligarem para sua mamãe. - Revirei os olhos enquanto ele ria. - Termine de comer, preciso voltar ao trabalho.
- Se fosse você relaxava. - Coloquei os braços atrás da cabeça e observei a mulher que olhava o senhor Stewart levantar e caminhar em nossa direção.
- Não quando estou perto de algo grande. - Murmurou quando viu a aproximação.
– Olá. - A loira colocou um pedaço de papel na frente dele. - Me liga.
- Com todo prazer, Alisha. - Abriu um sorriso, pegou a caneta da mão dela e um papel de cima da mesa. - Caso eu não te ligue até o final da semana.
- Então quer dizer que você pode não me ligar? - Jogou os cabelos para trás em um tom de brincadeira. - Onde foi parar meu charme?
- Sexta?
- As oito. - Ela concordou. - Onde? - Apoiou a mão na mesa.
- Prometo ligar lhe passando essa informação. - Revirei os olhos.
- Espero, Éllan. - Enfatizou seu nome de um jeito que derrubaria qualquer um. - E você. - Se voltou para mim.
- O que? - Engoli seco.
- Minha amiga achou você bonitinho. - Colocou o número dela na minha frente. - Mas ela não vai vir até aqui.
- Prometo ligar assim que eu ficar sóbrio. - Dei meio sorriso.
- Certo. - Piscou para nós. - Espero sua ligação. - E voltou para sua mesa.
- É assim que consegue alguém? - Perguntei rindo.
- Não precisa muito. - Deu de ombros. Seu celular apitou, ele olhou a tela. - Deu nossa hora. Tenho um interrogatório para lidar no momento.
- Certo. Vamos encarar o capeta vestido de mulher. - Peguei as duas últimas rosquinhas. O cara revirou os olhos e levantou-se. - Você pagou por elas, não vou deixar nada aqui, não.
- Só ande garoto.
Eu não discutira, até porque, se ele quisesse, ele poderia terminar de foder a situação com a minha mãe, que já não estava muito boa há meses.
- É o distintivo? - Perguntei enquanto andávamos pela rua. Ah, agora eu sabia onde estávamos.
- O que tem o distintivo?
- E ele que faz com que as mulheres se joguem em cima de você? - O cara riu.
- Talvez, não sei. - Olhou para os dois lados da rua. - Vamos, antes que você veja um passarinho verde e decida ficar por aqui.
- A brisa já passou. - Balancei a cabeça em um não, mesmo sabendo que ele só estava testando minha paciência. - Acho que é uma combinação dos seus olhos com o distintivo…
- Juro por Deus, se você tentar me beijar como Frederick Moss tentou eu vou socar sua cara. - Eu gargalhei. Talvez eu estivesse um pouco alto ainda, só um pouco.
Frederick Moss era um empresario casado com uma colega de trabalho da minha mãe. Eu até fui no casamento dos dois, acompanhar minha mãe. E por Deus, a mulher era tão bonita que eu me senti apaixonado no momento em que coloquei os olhos sobre ela. Mas era tarde de mais, ela já havia dito sim na igreja e só me restava olhar.
- Até os héteros caem sobre você? - Devo dizer que o olhar que eu recebi não foi gentil.
- Continue andando.
- Certo, certo. - Bufei. - Você estava no casamento dele?
- De quem? - Sério? Por que aquele cara estava trabalhando para o governo?
- Puta que pariu cara, quem te contratou? Uma mulher porque era bonito demais, ou um gay, porque era bonito demais? - Elevei a voz irritado. Senhor, eu ainda estava brisado. - No casamento de Frederick Moss.
- Garoto. - Ele virou-se para mim no meio rua. - Estou há quase vinte e quatro horas sem dormir, a divisão de homicídios esta em deficit de funcionários. Estou trabalhando por três, então quando for me fazer uma pergunta, seja claro. - Voltou a andar. - Estava no casamento. Fui um dos padrinhos.
- Eu acompanhei minha mãe. Foi uma senhora festa. - Parei na frente de uma joalheria.
- Estava ocupado na festa. - O olhei e ele estava rindo. - Você não é o único que usa banheiros.
- Como eu suspeitava. - Voltei a olhar a vitrine e caramba aquele pingente se parecia muito com os da tornozeleira de Karla. - Você pode esperar um segundo? Preciso perguntar algo.
- Não demore."



Lake Forest Academy
Danielle Borghi




Hey gente,
Já faz um bom tempo que estava pensando em fazer um post reunindo alguns filmes com a temática colegial. E depois de muito enrolar e enrolar, eu tomei vergonha na cara e fiz uma "pequena" listinha com os filmes que eu já assisti, gostei e trouxe aqui pra vocês.
São 18 filmes com temas variados, como: Sobrenaturais, espiões, clichês, baseados em fatos reais, romance, comédia e drama.
Espero que gostem e aproveitem com carinho haha.
Vamos nessa.



1- Vampire Academy

Na escola de vampiros St. Vladimir estudam Rose (Zoey Deutch) e Lissa (Lucy Fry), duas melhores amigas. Rose é meio humana, meio vampira, que tem o dom de entrar na cabeça de Lissa, uma princesa que domina o elemento do Espírito, sendo capaz de curar pessoas e animais. Juntas, elas pretendem proteger os Moroi, alta linhagem dos vampiros, dos inimigos Strigoi, vampiros do mal.








2- Meninas malvadas

Cady Heron (Lindsay Lohan) é uma garota que cresceu na África e sempre estudou em casa, nunca tendo ido a uma escola. Após retornar aos Estados Unidos com seus pais, ela se prepara para iniciar sua vida de estudante, se matriculando em uma escola pública. Logo Cady percebe como a língua venenosa de suas novas colegas pode prejudicar sua vida e, para piorar ainda mais sua situação, Cady se apaixona pelo garoto errado.



3- Virgens inquietos

Baseado na história real do escândalo sexual em uma escola particular de ensino médio para alunos de classe alta. Cinco rapazes filmam a si próprios tendo relações com uma colega sem que ela saiba, e a gravação acaba vazando.













4- Clube dos cinco

Em virtude de terem cometido pequenos delitos, cinco adolescentes são confinados no colégio em um sábado, com a tarefa de escrever uma redação de mil palavras sobre o que pensam de si mesmos. Apesar de serem pessoas completamente diferentes, enquanto o dia transcorre eles passam a aceitar uns aos outros, fazem várias confissões e tornam-se amigos.







5- A mentira

Olive (Emma Stone) era aquele tipo de estudante cuja presença não era notada por ninguém, além de sua melhor amiga Rhiannon (Alyson Michalka). Quando ela a convida para passar um fim de semana acampando, Olive dá como desculpa que irá se encontrar com alguém. Na segunda seguinte Rhiannon lhe pergunta como foi o encontro e, para manter a história, Olive diz que perdeu a virgindade com ele. A notícia é ouvida por Marianne (Amanda Bynes), a crente da escola, que logo a espalha para os demais alunos. A situação altera o modo como as pessoas olham para Olive, o que faz com que ela se sinta dividida: ao mesmo tempo em que se sente mal por olharem para ela graças a uma mentira, ela gosta de enfim receber a atenção das pessoas. A situação potencializa ainda mais quando ela aceita a proposta feita por Brandon (Dan Byrd), seu amigo gay, de que finjam ter relações sexuais durante uma festa onde todos da escola estejam presentes. Desta forma Brandon passa a ser visto como heterossexual, deixando de ser perseguido, e Olive assume de vez a figura de vadia da escola. Só que ela não podia imaginar até onde sua fama iria levá-la. 




6- A melhor festa do ano

Todo mundo tem uma historia para contar sobre a noite do baile de formatura e elas quase sempre são diferentes entre si, embora parecidas em sua essência. Nova Prescott (Aimee Teegarden) se vê atraída por um jovem (Thomas McDonell) da escola, enquanto as amigas veteranas Mei (Yin Chang) e Tyler (De’Vaughn Nixon) guardam segredos, mas está chegando a hora do evento mais importante do colegial. Será que vai dar tudo certo?






7- Garotas S.A

A jovem Massie Block (Elizabeth McLaughlin) é a líder de um grupo de alunas privilegiadas, arrogantes e narcisistas. Elas são temidas e respeitadas em seu meio escolar e no bairro onde vivem. Porém, a vida de Massie muda completamente quando uma família amiga de seus pais, de origem humilde, se muda para a casa de hóspedes. A recém-chegada Claire (Ellen Marlow) irá ameaçar a posição de liderança de Massie.








8- Garota mimada

A patricinha Poppy (Emma Roberts) leva uma vida de princesa em Malibu, litoral da California. A menina se tornou uma adolescente bonita, rica e mimada. Para combater a rebeldia da filha, o pai de Poppy (Aidan Quinn) a manda para um colégio interno na Inglaterra. Enquanto tenta lidar com as novas colegas, que não toleram arrogância, a americana terá de enfrentar a mal humorada diretora Mrs. Kingsley (Natasha Richardson)






 9- Liar, liar, Vampire

Na história, Davis Pell (Rahart Adams, de EWW) é um garoto tímido que se muda para outra cidade. Em sua nova escola, a mega popular Caitlyn Crisp (Tiera Skovbye) acaba o confundindo com um vampiro e isso pode fazê-lo sair do ostracismo. Com a ajuda de sua nova amiga Vi (Brec Bassinger, de Bella e os Bulldogs), ele vai se passar por um ser sobrenatural para manter sua inesperada popularidade.








10- Duff

A jovem Bianca (Mae Whitman) descobre um dia que foi escolhidas pelas amigas de colégio como uma DUFF (Designated Ugly Fat Friend), ou seja uma amiga feia para que elas se pareçam ainda mais bonitas em comparação. Revoltada, Bianca pede a um atleta popular da escola para ajudá-la a melhorar o seu visual. 











11 - Escola de espiões

Aos 16 anos de idade, Megan Walsh (Hailee Steinfeld) já é uma jovem assassina, treinada com os melhores. Mas ela está cansada desta vida, e finge a própria morte para recomeçar de novo. Com uma identidade secreta, ela se inscreve como aluna de uma pequena escola, mas sua antiga chefe (Jessica Alba) desconfia do golpe e decide investigar o caso.









12 - Bratz

Sasha (Logan Browning), Chloe (Skyler Shaye), Jade (Janel Parrish) e Yasmin (Nathalia Ramos) são amigas inseparáveis, que estão para entrar no colegial. Logo elas precisam enfrentar Meredith Dimly (Chelsea Staub), uma patricinha que criou um sistema de panelinhas o qual todos os alunos estão integrados. A idéia é que os alunos de um grupo não se relacionem com os de outros grupos, o que permite que Meredith controle a todos. De início as quatro se separam, com Sasha andando com as cheerleaders, Jade com os estudantes de ciências, Cloe com as garotas da equipe de futebol e Yasmin sem grupo algum, apenas frequentando as aulas de Jornalismo. Porém quando elas percebem o plano de Meredith decidem novamente se reunir, para pôr fim ao sistema criado. 





13 - Buffy - A caça vampiros

Na escola Hemery, adolescentes aparecem mortos sem explicação, a não ser por uns furinhos no pescoço. A escola está infestada de vampiros seculares e a única pessoa capaz de enfrentá-los é Buffy, uma mocinha bonita, muito popular e líder da torcida na escola. Buffy é a herdeira de uma linhagem de exterminadores de vampiros. Ela troca seus pom-pons por estacas de madeira e vai à luta! Mas, o chefe dos vampiros e seu assistente armam um plano terrível para deter Buffy!








14- D.E.B.S - As super espiãs

A ardente chefe criminosa Lucy Diamond (Jordana Brewster de Velozes e Furiosos) está novamente na ativa e as D.E.B.S. – uma equipe de elite de super espiãs colegiais paramilitares – estão à sua procura. Mas quando sua melhor agente, a estonteante Amy Bradshaw (Sara Foster de O Golpe), desaparece misteriosamente depois de ficar frente a frente com a atraente vilã, as D.E.B.S. começam uma procura incansável pelo esconderijo secreto de Lucy e nem suspeitam que Amy talvez não queira ser resgatada nesta paródia sobre espiãs sensuais e seus encontros amorosos com armas.




15- Escola para garotas Bonitas e piradas

A escola St. Trinian's para moças está enfrentando uma tremenda crise financeira. Para piorar as coisas, o ministro da educação Geoffrey Thwaites (Colin Firth) quer que a exótica administradora Camilla Frittan (Rupert Everett) transforme a escola em uma "respeitável" faculdade para mulheres. Mas as alunas não vão desistir de salvar St. Trinian's assim tão fácil. As anárquicas garotas arregimentam um bando de professores, associados e bagunceiros ingovernáveis que, usando sua esperteza, ousadia e imaginação, tentam armar um golpe do século para salvar a escola da ruína inevitável. 




16- Todas contra John

John Tucker (Jesse Metcalfe) é um jovem sedutor, que é também capitão do time de basquete da escola. John está saindo simultaneamente com três garotas: a aspirante a jornalista Carrie Schaefer (Arielle Kebbel), a líder de torcida Heather (Ashanti) e a ativista vegetariana Beth (Sophia Bush). Quando elas descobrem que dividem o mesmo homem decidem se unir para dar a John uma lição que ele jamais esquecerá. Porém todas as armadilhas que elaboram acabam fazendo com que John se torne ainda mais popular.




17- 17 outra vez

Mike O'Connell (Matthew Perry) era um astro do basquete quando estava no colégio, mas ao descobrir que sua namorada (Leslie Mann) estava grávida resolveu abandonar seus planos e se casar. Após 20 anos, Mike está infeliz. O casamento não vai bem, seus filhos não o respeitam e a promoção que aguardava no trabalho não saiu. Um dia ele decide visitar o antigo colégio e, ao rever fotos e objetos de sua adolescência, deseja voltar no tempo e ter uma nova chance. Repentinamente seu desejo se realiza, e ele volta a ter 17 anos. Com a ajuda de seu amigo Ned Gold (Thomas Lennon), ele é novamente inscrito na escola e passa a frequentá-la ao lado de seus próprios filhos.




18- Anjos da lei

Jenko (Channing Tatum) e Schmidt (Jonah Hill) estudaram juntos, mas jamais foram amigos. A situação muda quando se reencontram na academia de policiais, onde passam a ajudar um ao outro. Já formados, se envolvem em uma confusão ao tentar realizar a prisão de um traficante de drogas, que atuava no parque onde trabalhavam. Remanejados para uma divisão comandada pelo capitão Walters (Ice Cube), onde jovens policiais trabalham infiltrados, eles recebem a missão de desvendar quem é o fornecedor de uma nova e perigosa droga. De volta ao ambiente escolar e atuando sob nomes falsos, Jenko e Schmidt precisam se acostumar aos novos tempos sem perder o foco na tarefa que lhes foi incumbida.






-Essa cena não se encontra na estoria
-Trecho inédito


"Karla

Oh caramba. Eu não conhecia um lugar em Illinois onde vendiam bebidas alcoólicas a menores de idade. Okay, tinha um cara que as vezes fazia esse favor, mas ele era muito bem pago pelo meu irmão.
Mas claro, eu estava no fim do mundo, onde a cidade era menor que o colégio onde estudava. Era de se espera que eles mandassem um foda-se bem grande pra todas as leis. Literalmente, porque até mesmo o delegado da cidade estava ali cantarolando e bem bêbado. Até acenou para o barman na minha frente.
Nós estávamos em época de férias, então era de se esperar que o bar estivesse cheio. Era o único lugar que tinha algum tipo de diversão nesse lugar. Bar, karaokê, lanchonete, café... Se duvidar no porão do lugar funcionava um clube de strippers. Mas não seria eu a perguntar algo do gênero, nem pensar. Eu só queria que o cara me entregasse logo meu suco de laranja e meu sanduíche de frango, assim poderia voltar para o hotel de merda que estava.
Eu deveria citar que eu sai escondida do colégio interno onde vivia? Sai de mansinho, pulei para o estado do lado e me escondi nas sombras até chegar nesse fim de mundo, tudo para o meu pai não me achar.
Nada demais. Só um ato de rebeldia e liberdade. Até poderia dizer que estava vivendo em um filme adolescente lindo e mágico, onde tudo era legal e maneiro. Mas já havia entrado em casa fria, me instalado em cada lugar e com o dinheiro acabando, tudo que eu poderia dizer nesse momento e que talvez eu estivesse sentindo um pouco de falta de Lake Forest. Mas só um pouco, não o suficiente para ligar para o meu pai e pedir para ele vir me buscar... Isso já era demais.
- Tá fazendo errado. - Resmunguei para o cara que estava no balcão jogando tudo dentro de um copo.
Não era assim que se tratava uma batida daquela. Daquele jeito ela nunca ficaria colorida e mais um dos clientes sairia reclamando. E eu já havia escutado vários deles murmurando tantos palavrões que só me faziam rir.
- Hum? - Ohh, o homem... Talvez garoto. Não deveria ser muito mais velho, se é que era mais velho.
- Tá fazendo errado. - Apontei para a bebida que estava ficando com uma cor nojenta. - Nunca vai ficar rosa e azul desse jeito.
- Desculpe moça, mas não se percebeu, o lugar está cheio, minha colega de trabalho tirou a noite de folga e ela é a única que consegue fazer essa maldita bebida. - Jogou o limão em cima da mesa interna.
- Sabe. - Inclinei meu corpo em sua direção e peguei os dos funis que estavam próximo dele. - Se usar isso, pode ser que fique mais fácil. - Coloquei primeiro a bebida rosa e depois a azul, o funil as separou por completo deixando uma bela visão. - Também queria dizer que está usando o copo errado. - Empurrei para ele a bebida pronta. - E seria muito bom se parece se usar suco de limão amanhecido, é amargo e nada saboroso, talvez assim seus clientes parem de reclamar. - Fiz um barulinho com a boca e voltei a me sentar.
- Quanto você quer para trabalhar aqui? - O cara loiro com olhos claros perguntou parecendo surpreso.
- Bem, eu quero o meu suco de laranja e meu sanduíche de frango nesse momento. - Bati as mãos em minhas pernas.
- Cinquenta dólares, mais as gorjetas, todo o suco de laranja e sanduíches de frango que aguentar de graça. Mas só se colocar essa bunda desse lado do balcão e fazer de novo o lance da bebida colorida. - Apontou para o seu lado. - Fechamos as duas da manha, e a policial Mendler pode te acompanhar para... Para onde você quiser ir.
Parei por um segundo, o olhei desconfiada. Ele parecia falar sério. Eu precisava da grana, ele estava oferecendo e tudo que teria que fazer era preparar bebidas.
- Okay, eu quero esse cinquenta dólares. - Pulei do assento. - Apenas as bebidas?
- É tudo que preciso. As bebidas. - Abriu a lateral do balcão e me entregou um avental. - Prenda os cabelos. - Pediu liberando uma bancada para mim. - A propósito, eu sou o Leon. - Estendeu a mão.
- Kira.
- Bem vinda a cidade. - Piscou e gritou pedindo que as pessoas fizessem uma maldita fila. - Eu espero que saiba mais do que apenas um drink.
- Sei mais do que deveria se quer saber. - Resmunguei enquanto alguém na minha frente pedia um Sex on The beach.
Eu sabia o que estava fazendo. Mesmo sabendo que não deveria.
Talvez eu tenha passado tempo demais com minha avó paterna. Ela gostava de eventos de caridade e gostava mais ainda de sentar nos bares e beber durante a noite toda. Em muitos desses eventos eu estava lá, vi muitas dessas bebidas sendo preparadas e reproduzi muitas delas dentro dos portões de Lake Forest. Internet era um prato cheio também. E Caramba, Tommy que curtia a história. O cara subia rápido com essas bebidas.

Okay, talvez eu não devesse ter aceitado um emprego assim, sem mais nem menos, sem saber sobre o movimento do lugar, ou quem o frequentava. Mas o dinheiro me chamou a atenção? Claro que chamou, eu o queria. O pote de gorjetas até que estava cheio e só por isso minha noite já valeu a pena. Meu jantar sairia de graça. Mas os clientes eram meio nojentos. Havia perdido as contas de quanta cantadas ridículas já haviam jogado em cima de mim. Pelo menos, cada vez que Leon escutava algo nojento vindo da boca de alguém, ele os mandavam enfiar cada palavra no meio da bunda e pra não falar daquele jeito comigo.

- Hey Leon. - Uma garota com metade dos cabelos loiros e a outra preta, pendurou-se no balcão. Ela tinha as pernas longas, usava uma saia rodada e um moletom que me fazia acreditar que a bonita estava pouco se fodendo pra moda. A garota tem alargadores nas duas orelhas e um piercing em um dos dedos da mão, até parecia uma aliança se olhasse de longe.
- Hey minha gata. - Leon piscou para ela e voltou a fazer seu trabalho.
- E ai? Se fodendo muito por ter dado minha folga justamente em um dia como esse? - Apontou para o lugar cheio.
- Você poderia ter sido gentil, negado a folga de hoje. Ninguém lhe impediria de cantar. - Mexeu as mãos.
- Gosto de folgas. Eu posso comer, beber, cantar e não ter seu tio no meu pé. - Jogou a cabeça para trás. - Deveria ter pensado que: Primeiro, estamos em férias. Segundo, é sexta a noite. Terceiro, eu adoro passar a perna em você. - Tomou o copo de bebida que Leon havia acabado de preparar e bebeu um gole. - Achei que estaria pior.
- Se você reclamar eu vou te colocar aqui atrás para trabalhar. - Sorriu sem humor.
- Se minha caixinha de gorjetas está cheio, na teoria eu já estou trabalhando. - Apontou para caixinha em cima da minha bancada.
- Não fique com ciúmes. - Apertou seu ombro. - Meddie, essa é a Kira. Kira, essa é a Meddie, a garota que está substituindo.
- Hey. - Ergui a mão em um sinal de “olá”.
- Posso pegar nos seus peitos? - Ela piscou de um jeito infantil e tomou mais um gole da bebida.
- Meddie. - Leon a chamou em reprovação. - Sabe, ninguém reclamou dela. Se continuar com isso eu vou colocá-la no seu lugar.
- Ninguém reclamou dela? - Mordeu os lábios. - Com esses peitos, nem eu reclamaria.
- Meddie.
- Você também reparou. Não fique se fazendo de senhor certinho. - Revirou os olhos.
- Tenho namorada. - Leon voltou sua atenção a outro cliente.
- Eu também tenho, isso não quer dizer que sou cega. - Riu se sentando entre a minha bancada e a bancada de Leon. - Hey gata.
- Hey. - Bati duas bebidas com gelo e joguei em um dos copos.
- E você, tem um namorado... Ou uma namorada? - Inclinou-se em minha direção.
- Tenho o resto das minhas férias, já é o suficiente. - Resmunguei entregando a bebida a mulher que estava esperando.
- Claro que é. - Piscou.
- Medison, que tal você subir lá no palco? - Leon apontou para o pequeno palco e fez sinal para ela ir.
- Eu voltou. - Mandou um beijo para ele.
Peguei o suco de limão em um dos recipientes e só pela cor eu suspeitava que não fosse natural, não me daria ao trabalho de reclamar sobre isso, seria apenas uma noite, onde eu ganharia uma grana e cairia fora assim que desse.
Então só coloquei tudo no copo de batida e bati sem olhar muito.
- Olha só. - Leon parou ao meu lado. - Meddie... Meddie é...
- Lésbica. - Respondi por ele. - É, eu saquei.
- Sim, ela é. - Riu. - Mas eu só queria dizer que ela é atirada.
- Eu percebi.
- Só não levar ela a sério que logo vai descobrir que ela é legal. - Apertou meu ombro e tomou o drink que eu estava preparando das minhas mãos. - Você tem quinze minutos, vá para a cozinha, coma o quanto conseguir, pegue qualquer coisa do bar, só não fique bêbada.

O bar tinha uma longa variedades de sucos, mas infelizmente nem um deles era natural. O que não me impediu de pegar uma garrafinha de suco de laranja.
A cozinha até que era iluminada, e, pelo menos, parecia limpa. Havia uma mulher e um garoto por ali preparando a maioria dos pratos enquanto uma garota vinha buscá-los.
- Hola niña. - A mulher com os cabelos presos e um sorriso enorme no rosto, voltou-se para mim.
- Hola. - Levantei a mão.
- Eu não conheço você, é nova por aqui? - Perguntou com um sotaque carregado. Eu reconhecia aquele sotaque. O mesmo que a minha avó, mãe da minha mãe, carregava quando resolvia falar meu idioma.
- Sim. - Sorri. - Vim passar as férias.
- Bueno. - Voltou para o que estava fazendo. - Me llamo Paulina, e usted?
- Kira. - Lembrava tanto minha avó falando, que até chegava a ser engraçado. 
- Leon lhe contratou? - Ela parecia jovem, talvez um pouco mais velha do que eu. Até que era bonita, seus olhos eram negros e enormes, bochechas salientes, boca cheia e um sorriso aberto incrível que daria inveja a qualquer um.
- Quebra galho.
- O que vai querer? - Encostou o quadril na geladeira que havia perto dela.
- Na verdade eu pedi um sanduíche de frango há um tempo... Ai Leon resolveu me achar na multidão. - Abri a garrafa na mão e tomei um gole.
- Ah, Ele já foi faz um tempo. - Riu. - Brianna o comeu quando percebeu que não estava lá. - Deixa comigo, eu faço outro. - Bateu as mãos e levou sua atenção a pilha de pães.
- Obrigada.
- Y tu... - A mulher parou para pensar durante um tempo. - Parece uma estrela do rock. - AAAh, ela tinha que pensar antes de falar, eu vazia o mesmo quando falava com minha avó materna. - Seus olhos são lindos.
- Obrigada. - Ri.
- Aqui. - Colocou o sanduíche em cima da grande ilha que havia no meio da cozinha. - Coma, não vai demorar muito até Leon te chamar.
- Você não é daqui também, não? - Perguntei cortando o sanduíche ao meio.
- Não. - Respondeu sem jeito.
- Você está no país ilegalmente, não é? Por isso escolheu uma cidade tão pequena. - Sussurrei. Paulina respirou fundo, apoiou as mãos na ilha e me encarou de um jeito amedrontador. - Eu vou embora em pouco tempo, não precisa se preocupar. - Dei uma primeira mordida.
- Os policiais fazem de conta que não me veem aqui. Assim eu consigo guardar um dinheiro, aprender sua língua e depois voltar para o México. Só preciso de um tempo. - Sussurrou de volta.
- Não se preocupe. Eu entendo. - A família da minha mãe não teve a mesma sorte, foram deportados e poucos deles conseguem andar livremente pelo país.

Sentei-me por um instante, até escutar o começo de uma música que eu adorava. E logo depois, uma voz feminina incrível apareceu. Era a primeira ali que realmente cantava alguma coisa.
Estava até impressionada, nunca imaginei que acharia um talento daqueles em um lugar como essa cidade. 
Até fui obrigada a levantar da onde estava e colocar a cabeça para fora da cozinha para ver quem estava cantando.
Deus, era a surtada da Meddie.
- Caramba... Ela canta. - Murmurei.
- Meddie, é a melhor da cidade. As pessoas vêm aqui apenas para escutá-la cantar. - Paulina sorriu. - O que posso dizer, os outros são ruins. Ela trás uma grana muito boa ao dono. Mais do que ele paga a ela... ou a qualquer um de nós.
- Ele deve ser um carrasco.
- Ele...
- Kira. - Leon gritou do bar. - Pode voltar?
- Boa sorte. - Paulina sussurrou.

Quatro horas depois, quando o bar estava basicamente fechado. E a policial que Leon prometeu me levar para casa, já estava mais bêbada do que eu em situações normais, finalmente recebi a grana que foi prometida, mais a gorjeta. Foi até que uma grana legal. Boa até demais, conseguiria ficar mais alguns dias na cidade, não precisaria voltar para casa por agora.
- Meddie. - Leon chamou a surtada que parecia estar drogada, mas de acordo com as pessoas, ela era daquele jeito mesmo. - Preciso que leve a Kira até... Sei lá... Onde ela está dormindo.
- Okay. - Caminhou em minha direção.
- Sério? - Perguntei aos dois. - De uma policial a uma adolescente da minha idade? - Revirei os olhos.
- O delegado é meu pai. - Meddie me encarou. - Eu posso fazer o serviço.
- Que seja. - Peguei a embalagem que a cozinheira havia me entregado. Um pacote cheio de lanchinhos para o café da manha, nem precisaria sair do hotel. - Eu só quero dormir.
- Você pode vir amanha? - Lhe lancei um olhar nada gentil. As vezes ele parecia estar dando em cima de mim. - Eu digo trabalhar. Mesma coisa de hoje. - Encolheu os ombros.
- Vou pensar. - Caminhei em direção a porta.
- Pense com carinho. - Pediu choramingando. - Amanha é sábado, o movimento vai ser pior e é a folga da Brianna. 
- Okay. - Fiz um sinal com a mão. - Vou pensar. - Caminhei em direção a rua.
- Onde você está ficando? - Meddie perguntou fechando a porta do lugar.
- No hotel. - Respondi com calma.
- Férias?
- É.
- Sozinha?
- É.
- Seus pais te deixam viajar sozinha? - Perguntou curiosa. - Não me olha com essa cara, mal humorada. Meus pais não me deixam sair da cidade.
- Não é como se eles se importassem muito. - Dei de ombros.
- E de onde você é? - Caminhou ao meu lado. - Estou tentando ser gentil.
- Illinois. Chicago. - Respondi.
- E veio passar as férias nesse fim de mundo? - Riu. - O que você fez, em?
- Nada. - Respirei fundo.
Na verdade eu havia feito muito mais do que eu gostaria de falar. Os problemas escolares, familiares, psicológicos... Eu estava completamente fodida e esta viagem estava me fazendo muito bem.
- Vamos lá, me conte. Ninguém vem pra cá por livre espontânea vontade. Quem você matou? - Meddie sorriu me puxando por uma rua estreita. - Cortando caminho.
- Eu precisava ficar longe por um tempo. Só isso. - Depois de tudo que veio acontecendo na minha vida durante os dois últimos anos. Eu precisava mais do que só um tempo.
- Você estuda?
- Indo pro último ano. - Eu achava, pelo menos, talvez eu votasse pro segundo ano, faltavam três meses para as aulas acabarem quando eu simplesmente sai correndo de Lake Forest.
- Eu também. - Sorriu. - Mas trabalho durante as férias no bar do tio do Leon. Não saia contando por ai. Mas ninguém liga muito pra idade nesse lugar. - Piscou. - Durante o ano escolar eu trabalho meio período em uma loja no centro. Estou poupando para sair daqui no ano que vem. Cursar uma faculdade em uma cidade grande... É tudo o que eu quero. - Olhou para o céu. - E você?
- Estudo em um colégio interno. Não tenho ideia do que você está falando. Meus pais me jogaram lá dentro. Só tenho que levantar e ir para a aula. Provavelmente quando me formar, vou ter uma vaga garantida em alguma faculdade que eu não vou querer ir, mas vou ser obrigada novamente, porque não querer ver minha cara dentro de casa tempo o suficiente para lembrar que tem uma filha problemática. Mas tudo bem. - Dei de ombros.
- Meu pai tem uma filha do primeiro casamento, ele dá tudo a ela, pagou toda sua faculdade, mas ela voltou para a cidade há um tempo, as vezes eu acho que ele tem nojo de mim, ou eu sei lá. Me mandou eu me virar para pagar a faculdade, porque nada sairia do seu bolso. - Respirou fundo desabafando. - Sabe, eu sei que ela é a preferida. Que ela é a filhinha dele. Ele a protege de tudo. Ela sai com uns caras e quando cansa deles, liga para o meu pai dizendo que ele fez uma coisa horrível com ela e quando vamos ver, o cara está preso. - Bufou.
- Há uns anos minha mãe gritou dizendo que eu deveria ter morrido, depois disso me colocaram em um colégio interno. Minha melhor amiga morreu há quase dois anos. Eu tenho crises e coisas ruins acontecem. - Soltei. Eu queria contar sobre Lake forest, que fugi, que corri, sai pelo mundo me virando e curtindo a vida, pensando em tudo que já havia acontecido nos últimos tempos, mas eu havia acabado de conhecê-la, nem sabia quem ela era.
- Bem vinda ao time dos filhos deixados de lado. Leon tem problemas semelhantes também. O pai dele foi embora quando ele nasceu e tem que cuidar da mãe, ela é meio doente. - Parou na frente do hotel.
- Acho que estamos, todos nós, bem fodidos nessa vida. - Resmunguei.
- Provavelmente. - Entrou comigo na recepção. - Acredito que eu vá te ver amanha no bar.
- Quem sabe. - Ri.
- Olha, ela riu. - Meddie colocou as mãos no bolso do casaco. - Fique de olho nela Clair. - Pediu a mulher sentada na cadeira. - Boa noite pra vocês. - Fez um sinal com a mão e virou-se de para entrada.
- Você vai voltar sozinha? - Perguntei.
- Como eu disse, meu pai é o cara que aponta uma amar pra cabeça de todas as pessoas dessa cidade. - Riu."

Lake Forest Academy
Danielle Borghi